Um tipo com uma mota como a do meu pai quando eu era puto está a buzinar em frente ao jardim. Arranca sobre o cruzamento. Ouvem-se buzinas ao fundo… Estamos em Goa: ninguém morreu!
O tempo para este blog já não é o mesmo. Vou tentar arranjar uma gaveta pequenina para os escritos de maneira a não falhar, mas sem promessas, porque Velha Goa ainda fica a trinta minutos de caminho. Obrigado aos que se queixaram!
Hotel Mandovi era o centro da Goa portuguesa. As autoridades passavam por ali quando queriam ser vistas. As senhoras levavam as suas toilets de seda e chapéus de Lisboa apenas por uma vez, uma única vez, para depois seguirem directamente para as modistas a fim de refazerem tudo. Com o mesmo tecido criavam diversos modelitos ao jeito de Hollywood. Brâmanes católicos e hindus, autoridades e oficialato, e quem demais andasse calçado por Goa fazia honras de se ver e ser visto no Grande Hotel. O estilo deco acabou enterrado em alterações a cimento e alumínio. A sala de jantar de tectos estucados virou restaurante kitsch de mesas e comida chinesa. O almoço é premiado com covers mastigadas por um tipo suado, baixo, anafado e de pouco cabelo.
Já nada resta das sessões de canasta. As balaustradas rendilhadas das varandas sobre o Mandovi fecharam-se em marquises para dar mais uns metros à suite. Ali o tempo não volta atrás.
Este Blog é uma brincadeira, uma forma de ir ganhando mão para o que está para escrever. Não se leva a sério e, muito menos, quer ser uma verdade absoluta. É apenas um telefonema entre amigos.