A comida dos Deuses

É favor desculpar mas hoje não escrevo: ando a ir os lados de Pondá. Para o interior de aldeias Hindus aprender rituais e conhecer como eles vivem. Mesmo entre as castas mais baixas existem diferenças. Mesmo no entre os menos dos menos há lugar a poder e discriminação. Direitos e deveres seculares.
Ontem assisti descalço ao purificar das vacas sagradas no seu curral. Comi no chão com o dono da casa sobre uma folha de palmeira. Assisti aos rituais feitos com a bosta da vaca e à construção de um pequeno desenho, como que uma planta de arquitecto, de uma casa com as suas diferentes divisões e o mais que se desejaria que dentro dela entrasse. Recebi doces, muito doces, em casas de Intocáveis. Senti o fresco do chão liso, lisinho, aspergido com bosta que há ainda na casa de alguns hindus. Provei na mata a comida oferecida aos deuses. E embora nada destas descrições estejam correctas academicamente, embora nada disto esteja muito correctamente escrito, foi bom, muito bom. Abriu-me horizontes. Deu-me muitas páginas novas para escrever na memória.
Hoje é dia dos irmãos e por isso vou lá voltar até ser bem de noite.