Bêbedo inveterado

Nesta casa há pelo menos quatro línguas para conversas, português, inglês, hindi e o concanin. Entre portugueses, entre portugueses e pessoal auxiliar, pessoal auxiliar com pessoal auxiliar e pessoal auxiliar com pessoal auxiliar nascido e criado em Goa. Adoram falar hindi e concani entre eles para que a malta da metrópole não perceba. Depois (esquecia-me!), há ainda o marasta que é falado entre os seguranças que não são de Goa. Uma língua do estado aqui ao lado.
No meio disto tudo o melhor mesmo é a linguagem gestual! A única verdadeiramente universal para um tipo com virtudes de palhaço. Gosto. Vai bem comigo.
O segurança da manhã está sempre de ar muito sério, nunca vi um homem com tanto medo de tanta coisa, talvez até da própria sombra. Sempre sério. O que no seu corpo muito magro ainda dá mais efeito. Por isso, quando ele me bate pala eu bato-lhe pala também com requintes de general reformado. Brinco com ele, como com toda a gente, muitas até vezes faço caretas. Com ar assustado, muito sério, à minha frente, o pobre segurança confessou aos outros empregados que sem dúvida era uma pena: eu bebia demais.