Goa é como um copo de areias movediças, há católicos, hindus, parsis, muçulmanos, jainistas… (E pelo menos um agnóstico agora anda por cá.) Goa tem goeses, indianos, portugueses e uma série de pessoas que não sabem bem ao certo a que país pertencem. Há pessoas que quase me querem provar que são mais portugueses que eu. Se calhar são. Se calhar mereciam sê-lo. Goa é como um copo cheio de areias movediças. Uma misturada que faz com que nunca nada assente. Um copo que ninguém deixa assentar. É por isso que 17 de Dezembro de 1961 continua a ser ontem. É por isso que tudo isto ainda está tão fresco e continua a ser conversa à mesa. É por isso que aqui a inquisição, conversões, libertação, invasão, Operação Vijay, expropriações foram todas ontem. Aqui o Salazar, Nehru, Vassalo e Silva, Krishna Menon, Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque e ainda São Francisco ainda não morreram. São eternos. Ninguém os deixa morrer. O copo anda sempre de mão em mão. O copo nunca poisa. Ninguém o deixa poisar. Aqui a identidade é assim. Aqui identidade é isso. Aqui o que pensamos está sempre errado. Ninguém descansa. Porque aqui tudo foi ontem.